O sangue das bonecas virgens




Infâncias mortas-vivas,
órbitas dos olhos vazias,
sensação tenebrosa do escuro.
Manchas de sangue tingem
o vestido branco da inocência,
conspurcam a monstruosidade
diante de uma cruz envelhecida,
simbolizando o escárnio
com risos horripilantes e demoníacos.
Num cenário lúgubre,
vampirizam o sangue
e comem as entranhas,
comungam do mesmo prazer.
Nos mausoléus, sepulcros se abrem,
pedófilos sem olhos e imundos fedem,
riem e assombram
os anjos de mármores,
colhem as flores secas
retorcidas pela morte
e depois fingem
que pedem perdão
para as velas acesas
queimando no chão.
Depositam as flores mortas
diante do sepulcro frio
de uma criança.
Sobre a lápide,
seu brinquedo favorito:
uma boneca virgem
ensanguentada.


Helen De Rose

*Lançamento 20/11/14 - CBJE - Rio de Janeiro


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